A coisa mais assustadora da vida não é o fracasso, a rejeição ou a solidão. É a autoconsciência tão intensa que você nem sabe o que fazer com ela. É acordar um dia e perceber que você estava fugindo de si mesmo. É ficar em frente ao espelho e ver não a versão de você que você gostaria de ser, mas a que você realmente é. E não há como escapar de si mesmo. Não existe um “eu melhor” vindo para salvar o atual. Apenas você, dolorosamente consciente.
Isso é assustador.
Quantos de nós passamos a vida inteira tentando evitar isso. Tentamos fugir do próprio reflexo por anos. Das falhas, ilusões, maus hábitos, ego e desejos que revelam o pior em nós.
Nos distraímos com trabalho, relacionamentos e objetivos. Qualquer coisa para evitar ficar a sós conosco mesmos. Eu já fiz isso. Você já fiz isso. Criamos uma persona, uma máscara mais aceitável, mais bem acabada. E esperamos que ninguém, principalmente nós mesmos, jamais veja o que há por trás dela.
As pessoas dizem que têm medo de ficar sozinhas. Mas o que elas realmente querem dizer é que têm medo de ficar sozinhas consigo mesmas.
Você não consegue superar seu próprio reflexo na base da competitividade. Pode trocar de emprego, de cidade e de parceiro(a), e esperar ter mudado de rumo. Não é tão simples assim. Você ainda vai acordar com os mesmos padrões mentais, lutando contra o mesmo inconsciente.
Consciência é responsabilidade
A autoconsciência é assustadora porque não se trata apenas de consciência. Trata-se de responsabilidade. Uma vez que você se enxerga com clareza, não há como ignorar.
Você não pode fingir que o obstáculo à sua sanidade está “lá fora”. É você. Seus padrões. Seus medos. Suas zonas de conforto disfarçadas de “limites”.
Você não pode fingir que “não sabe por que” faz certas coisas. Você sabe.
A consciência destrói a negação. Você também perde o luxo da ignorância. Não pode mais culpar seus pais, o capitalismo ou o “azar”. Você começa a perceber o quanto você contribuiu para que sua vida se tornasse o que é hoje.
“As pessoas farão qualquer coisa, por mais absurda que seja, para evitar confrontar a própria alma.”
Quando você finalmente faz as pazes com o seu próprio reflexo, nada mais consegue te assustar da mesma forma. A boa notícia é que, quando você para de fugir de si mesmo, você finalmente consegue viver.
Quando você aceita que não é perfeito, e nunca será, você para de desperdiçar energia fingindo. Autoaceitação é a recusa radical em se abandonar, mesmo quando você vê todos os motivos para isso. É olhar para o ser humano no espelho e aceitar o que vê. É trabalhar com quem você é.
E a constatação de que não existe uma nova versão de você para salvar a antiga. Você é você. E quando você para de fugir disso, você para de fugir da vida.
“Aquilo de que você foge, te persegue; aquilo que você enfrenta, te transforma.”
Encarar a si mesmo é aterrorizante. É a coisa mais assustadora que você jamais fará. Mas também é a única maneira de viver sem fugir constantemente da própria sombra. Você não supera o medo lutando contra ele. Você o encara. E o vê como ele é. E continua vivendo. Esse é o objetivo de ser humano. Não se consertar, mas finalmente, corajosamente, se encarar.
Você não luta contra o terror. Você se entrega a ele. Você se torna curioso. Você observa aquele hábito irritante de se defender em busca de respostas. Aquela inveja que você sente quando um amigo tem sucesso? Você a encara. E encontra uma maneira melhor de usar essa energia.
Aquela voz na sua cabeça que diz que você não é bom o suficiente? Você para de discutir com isso e simplesmente escuta pela primeira vez. O que isso está tentando te dizer? Por que continua repetindo a mesma coisa?
Você transforma o autoconhecimento em uma tarefa interna para construir um relacionamento melhor consigo mesmo. Finalmente, você encontra o estranho com quem conviveu a vida toda.
E perceber que você não se conhece tanto quanto pensa. É o momento em que você reconhece que nenhuma quantidade de sucesso, aprovação ou aceitação dos outros pode protegê-lo de encontrar a pessoa por trás dos seus próprios olhos.