“Nós vemos as coisas não como elas são, mas como nós somos.” — Anaïs Nin
Sabe o que é pior do que estar errado? Achar que está certo o tempo todo. Achar que entende. Que já entendeu. “Achar que se entende”; No segundo em que você acredita ter um conhecimento melhor sobre alguma coisa, você para de procurar. Você para de questionar. Você para de crescer.
Todos nós já fomos essa pessoa.
A ilusão da certeza
Mas o mundo não funciona assim. As coisas estão mudando. As pessoas estão se transformando. Você muda. A certeza é um precipício mental. Você só estará olhando para a ilusão de segurança.
A maioria das guerras, rompimentos, chefes ruins e conflitos pessoais se resume a uma coisa: alguém acha que sua versão da verdade é a única verdade. Ponto final. Sem curiosidade. Sem espaço para “talvez”. Apenas ego em forma de lógica.
Eu nunca entendi isso. Porque todos nós queremos compreensão. Ou será que não? Queremos que a vida faça sentido. Queremos respostas. “Diga-me o que é certo.” “Diga-me quem está errado.”
O cérebro ama a certeza e odeia mal-entendidos.
O reflexo da verdade
Mas não conseguimos enxergar com clareza se não conseguirmos fazer as pazes com o “eu não sei”.
O mais assustador é que esse tipo de cegueira não parece cegueira. Parece confiança. Parece força. É isso que a torna tão perigosa. Você acha que está enxergando com clareza, mas está apenas olhando para o seu próprio reflexo e chamando-o de verdade.
Aprendi que, sempre que penso que entendo alguém, geralmente não entendo. Estou vendo essa pessoa através dos meus próprios filtros. Meu passado, meus medos e suposições. O mesmo vale para política, relacionamentos e até mesmo a autoimagem.
Você decide quem alguém “é”, e então tudo o que ela faz tem que passar por esse filtro. Pode ser uma maneira conveniente de interpretar a realidade. Mas é mortal.
Mantenha-se acordado
Estou aprendendo a manter a curiosidade consistente. Fazer perguntas bobas. Duvidar das minhas conclusões. Ser mais consciente do que acho que sei.
O objetivo é ficar acordado.
E ciente de que minha mente pode me enganar e me fazer pensar que ela é mais inteligente do que realmente é. A certeza parece poderosa, mas a humildade me mantém são.
O estado mental mais perigoso não é a raiva, o medo ou mesmo a ignorância. É achar que sabe tudo. É quando você para de ouvir. É quando você para de ver.
E quando você para de estar mentalmente vivo, você está apenas funcionando no piloto automático. Você não está mais se envolvendo com a vida; você está defendendo uma versão dela que parou de evoluir quando você decidiu que “entendia”.
Os verdadeiros especialistas duvidam
Pessoas que têm certeza de si mesmas são frequentemente as menos abertas a mudanças. Elas se agarram à sua opinião como uma rede de segurança.
O engraçado é que as pessoas que realmente sabem das coisas — os verdadeiros especialistas, os cientistas, os pensadores — geralmente são as mais inseguras. Eles continuam testando. E revisando quando é preciso.
Porque a verdade pode evoluir. “Não existem fatos, apenas interpretações”, observa o filósofo Nietzsche. Cada resposta pode abrir dezenas de novas perguntas. Cada descoberta revela um ponto cego.
A fortaleza das certezas
Pessoas que acham que entendem são as mais difíceis de alcançar. Elas construíram uma fortaleza com suas próprias certezas. Tente bater, e elas defenderão as paredes em vez de abrir a porta.
A dúvida parece fraqueza para elas. Como perder o controle. Mas, na realidade, a dúvida é apenas curiosidade.
Quando você para de duvidar, você começa a decair. Você para de questionar por que faz o que faz. Você para de se perguntar se seu conjunto de crenças é mesmo seu. Ou apenas algo que você herdou.
É assim que as pessoas acordam aos 45 anos em uma vida que nunca escolheram, com crenças que nunca examinaram, se perguntando como diabos chegaram lá.
O perigo das suposições
O cérebro adora atalhos, então ele preenche lacunas com suposições. “Ah, eu sei o que ela quis dizer.” Não, você não sabe. Você sabe o que acha que ela quis dizer.
E essa pequena diferença? É aí que relacionamentos inteiros vão para morrer.
O antídoto para esse estado de espírito perigoso não é mais conhecimento. Começa com a conscientização. Saber que você não sabe. Manter suas crenças com humildade. Ouvir as pessoas com quem você discorda para entender.
A prática contínua
No minuto em que você pensa que descobriu tudo, você parou de evoluir. “Compreensão” é um alvo em movimento. Você nunca a alcançará.
Mas o objetivo nunca foi compreender completamente. O objetivo é permanecer desperto, permanecer humilde e continuar fazendo perguntas. A sabedoria começa logo depois que você admite que não sabe tudo.
Mantenha a desconfiança, especialmente da sua própria clareza. Se algo parece óbvio, questione. Se alguém parece impossível de entender, fique curioso. Faça mais uma pergunta. Ouça mais um minuto.
A compreensão não é uma linha de chegada; é uma prática. Você não chega, você continua chegando.
Conclusão
O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento.
Pensar que você entende é conforto disfarçado de sabedoria. É a maneira da mente se aconchegar e dizer: “Terminamos aqui”. Mas nunca terminamos.
Uma vez que você pensa que entende tudo, você parou de ouvir, parou de ver, parou de se tornar. E esse é o estado mental mais perigoso de todos.
A crença de que a própria visão da realidade é a única realidade é a mais perigosa de todas as ilusões.